“Hoje, não tenho mais medo”, afirmou Abu Omar, um sírio de 44 anos, em referência à repressão sofrida sob o regime. Na praça dos Omíadas, combatentes comemoraram, derrubando estátuas de Hafez al-Assad e disparando tiros em sinal de alegria. A ofensiva rebelde, iniciada em 27 de novembro a partir da província de Idlib, resultou em pelo menos 910 mortos, incluindo 138 civis, e provocou o deslocamento de 370 mil pessoas, de acordo com dados da ONU. A guerra civil na Síria, iniciada em 2011 após protestos contra o governo, já deixou quase meio milhão de mortos.
Abu Mohammed al Jolani, líder islamista da coalizão rebelde, chegou a Damasco e, em um discurso na Mesquita dos Omíadas, declarou que a Síria foi “purificada” e que o fim do regime de Bashar al Assad marca o início de uma nova era para o país. Ele afirmou que os rebeldes libertaram todos os prisioneiros “detidos injustamente” e anunciaram o fim da “era sombria” do partido Baath.
A comunidade internacional reagiu com diferentes posturas. O secretário-geral da ONU, António Guterres, celebrou o fim do “regime ditatorial” na Síria, enquanto o presidente dos EUA, Joe Biden, chamou a queda de Assad de uma “oportunidade histórica” e destacou que o líder deveria “prestar contas”. A Rússia, por sua vez, garantiu que as bases militares russas no país estavam seguras e solicitou uma reunião de emergência do Conselho de Segurança da ONU para discutir a situação.
Já o Catar e a Arábia Saudita advertiram sobre o risco de caos e divisão na Síria, enquanto a Turquia pediu por uma transição pacífica. O governo de Israel também se manifestou, considerando a queda de al Assad um “dia histórico”. O primeiro-ministro Benjamin Netanyahu ordenou que o Exército tomasse uma zona desmilitarizada nas Colinas de Golã e afirmou que Israel não permitirá a presença de forças hostis na fronteira. A queda do regime de al Assad abre um período de incerteza para a Síria, que continua fragmentada pela guerra civil, com diversas potências internacionais envolvidas no conflito.
*Com informações da AFP