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Quarta-feira, 5 Fevereiro, 2025

A resposta de Pequim

O maior império vigente nunca imagina que um dia será substituído. O Império Romano decidiu através da sua pax pausar o avanço territorial para assegurar a administração em uma área já muito vasta, mesmo assim teve sua queda perante os bárbaros. Os árabes, os otomanos, os portugueses, os espanhóis, os holandeses e britânicos, todos eles jamais previram a sua perda de hegemonia política e militar. No mundo pós-Segunda Guerra Mundial, a Guerra Fria até criou uma ordem bipolar, mas os Estados Unidos sempre estiveram à frente nos aspectos econômicos e na sua influência perante as nações mais poderosas. Há alguns anos essa realidade mudou e o principal rival do maior império já tem as projeções a seu favor.

Desde uma guerra civil sangrenta, passando pelos anos violentos da Revolução Cultural de Mao, a China atravessou um longo caminho até encontrar a sua sina. O excedente demográfico visto por muitas nações como uma maldição em determinados períodos, foi utilizado por Deng Xiaoping em sua era de abertura econômica, para transformar o país na maior potência industrial do planeta. Oferecendo educação técnica para dezenas de milhões e empregando centenas de milhões, a China conseguiu se apresentar como uma alternativa barata, eficiente e rápida para um mercado consumidor em constante crescimento em todo o mundo. A suas ofertas irrecusáveis presenteando com gordos lucros os empresários ocidentais, fez com que inúmeras empresas europeias e norte-americanas deixassem suas terras natais e se estabelecessem no gigante asiático.

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Décadas mais tarde a grande desindustrialização do Ocidente e a forte dependência dos chineses colocou a metade democrática do mundo em uma situação delicada. A pandemia mais recente somada às guerras de nosso tempo, fizeram com que as outrora vantagens da globalização, começassem a ser questionadas por grupos políticos e cidadãos na Europa e nos Estados Unidos. Uma classe média com menor poder de compra e com trabalhos mais exaustivos e menos gratificantes, elevaram à chefia do governo, políticos conservadores e nacionalistas que prometeram virar o jogo. Com esse discurso, Donald Trump foi eleito duas vezes presidente da maior economia do mundo, e mesmo assumindo o comando em conjunturas diferentes, sempre prometeu manter os Estados Unidos como a potência que é, freando os ímpetos chineses na área econômica e geopolítica. Tal promessa, todavia, parece ter sido feita tarde demais.

A interdependência das cadeias de produção globais e o crescimento vertiginoso da China nos últimos 50 anos, deram grande vantagem estratégica ao governo de Pequim em muitas regiões do mundo. A influência de Xi Jinping no continente africano, asiático e na América Latina, sobretudo através da liderança ideológica dos BRICS, fez com que o bloco ocidental, apenas perdesse adeptos de sua pauta econômica durante as últimas décadas.

Donald Trump já havia travado uma guerra comercial com os chineses em sua primeira passagem pela Casa Branca, medida que aterrorizou parte do mundo, freou o crescimento da China e alavancou a economia americana, mas não foi o suficiente para virar o tabuleiro do xadrez geopolítico. Durante o governo Biden, apesar de algumas tarifas terem sido mantidas, o ambiente mais amistoso, deu a Pequim, o tempo necessário para se prepararem para uma nova guerra comercial e sofrerem menos com o impacto da volta de Trump. As tarifas anunciadas há pouco, serão colocadas em prática em breve, sobretaxando os produtos chineses em 10%. Apesar de falarmos de cifras na casa das centenas de bilhões de dólares, a suposta benevolência do presidente estado-unidense impressionou alguns de seus apoiadores, já que o México e Canadá não tiveram a mesma tarifa tão misericordiosa.

Hoje, a China anunciou que taxará em 15% o carvão e gás natural advindos dos Estados Unidos e que petróleo cru, maquinários agrícolas e veículos de grande porte serão taxados em 10%. Contudo, a medida entrará em vigor apenas no dia 10 de fevereiro, dando tempo para uma contraproposta de Washington DC ainda esta semana. A resposta proporcional e razoável é reflexo de quão pouco os chineses dependem dos americanos nesses setores, já que compram petróleo e gás majoritariamente da Rússia e do Oriente Médio e importam carros e outros produtos industriais majoritariamente da Europa, Coreia do Sul e Japão. Tudo indica que negociações serão realizadas pelas duas maiores economias do mundo e que um consenso poderá ser alcançado, mas para a tristeza de Trump e dos saudosistas de um tempo que os Estados Unidos eram os únicos a darem as cartas, a forma como o mundo funciona hoje também tem as suas decisões pautadas com o aval de Pequim.

Fonte: Jovem Pan

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