A importância do catolicismo em nosso tempo ainda é notória. Apesar de crises internas e externas, a presença da Igreja Católica pelo mundo é extremamente relevante e os números confirmam seu contínuo crescimento. Segundo os dados demográficos mais recentes, são mais de 1,3 bilhão de fiéis católicos em todos os seis continentes habitados, com destaque proporcional e numérico à América Latina, com seus mais de 480 milhões de católicos. Exatamente a América Latina que deu aos seguidores da Igreja, seu último Papa, um jesuíta de formação e um reformista por convicção.
Nascido na Argentina em 1936, Jorge Mario Bergoglio, teve uma infância e uma adolescência como tantos outros milhões de latino-americanos no período entre guerras. De família imigrante e trabalhadora, escolheu seguir a vocação de servir as pessoas e se tornar um padre jesuíta, trabalhando em diversas partes da Argentina, seguindo sua visão pastoral de mundo.
Serviu, portanto, os desamparados e marginalizados em um país de frequentes e intermináveis crises econômicas. O jesuíta Jorge, se tornou arcebispo de Buenos Aires, e anos mais tarde foi criado Cardeal Bergoglio em 2001, pelo Papa João Paulo II, admirador de seu trabalho, reconhecendo sua humildade, sensibilidade pastoral e sobretudo sua dedicação aos pobres.
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O Cardeal Bergoglio foi eleito Papa pelo conclave de 2013, após a resignação de Bento XVI ao pontificado e desde o começo deixou claro que sua intenção era reformar a Igreja através do exemplo. O nome escolhido pela primeira vez na história da Igreja, também evidenciou a sua linha de pensamento, homenageando São Francisco de Assis, ligado à sua vida de pobreza e de defesa dos valores cristãos, sempre ressaltando a humanidade de Cristo.
Sua primeira aparição na principal varanda da Basílica de São Pedro, trajando vestimentas simples e sua conhecida cruz de metal, quebrou com a imagem de opulência associada ao seu antecessor e sua forma tranquila e sorridente de se comunicar cativou imediatamente os fiéis por todo o mundo.
Seu pontificado foi marcado por um intenso diálogo interreligioso, visitando regiões negligenciadas pela Santa Sé e onde o cristianismo nem mesmo é a religião dominante. Sua defesa pelos direitos de todos os cristãos de praticarem a sua fé em todos os cantos do mundo foi veemente. Quando visitou o Iraque em 2021, passou com coragem pela cidade de Mosul, onde a comunidade de cristãos históricos foi perseguida e morta pelo Estado Islâmico e onde os terroristas até mesmo ameaçaram matar o Pontífice.
Francisco esteve em 66 países em dezenas de viagens apostólicas, sempre atraindo multidões de fiéis que viam em sua pessoa, um semelhante. Suas falas em defesa da proteção do meio ambiente e denunciando a fome e a miséria em muitas partes do mundo, tocou em feridas abertas em muitas sociedades, onde o abismo social só cresce em um mundo de abundância de recursos.
O reformismo defendido por Francisco tomou corpo em diversos momentos, permitindo leigos e mulheres a assumirem cargos de liderança nos dicastérios, estabelecendo regras rígidas na transparência das contas do Vaticano e lutando contra os abusos sexuais dentro da Igreja, através da criação de estruturas diretas de denúncias à crimes desta natureza e afastamento imediato de acusados e condenados.
Sua reforma no Colégio Cardinalício reverberará no próximo conclave, já que nomeou cardeais em países longínquos e periféricos ao centro do poder global e católico. Por fim, Papa Francisco dedicou os últimos anos de sua vida, denunciando a violência das guerras pelo mundo, principalmente no Sudão, Ucrânia, Israel e Gaza, orando pelos civis e pelas vítimas e cobrando um maior posicionamento para a busca da paz.
Sua vida como latino-americano, jesuíta, cardeal e Papa sempre transmitiu humildade e simplicidade, buscando através da sua fé em Jesus Cristo e seus ensinamentos, trazer a Igreja para locais, onde nunca tinha chegado com a abordagem necessária. Seu pontificado e sua obra também tiveram algumas doses de equívocos e incontáveis críticas, mas seu impacto como clérigo e como cidadão do mundo é inegável.
A Santa Sé começará em breve a procurar por alguém que possa utilizar o legado de Francisco como base, ou simplesmente revertê-lo de maneira gradual, em um conclave que será singular por múltiplas razões. Até lá, os fiéis em São Paulo, Acra, Nova York, Manila ou Sidney, voltam seus olhos para Roma, como um gesto de homenagear e recordar aquele que, em uma das cadeiras mais importantes do mundo, deu a mão aos esquecidos.
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Fonte: Jovem Pan