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Domingo, 6 Julho, 2025

Brics se reúne sob liderança de Lula em meio a disputas comerciais e instabilidade geopolítica

Sem Xi Jinping e com Vladimir Putin em participação online, o grupo Brics organiza neste domingo (5) e na segunda-feira (6) uma reunião de cúpula no Rio de Janeiro que pretende rejeitar as tarifas e o protecionismo de Donald Trump, apesar da precaução dos países membros em não citar o americano. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva vai liderar a reunião do grupo de 11 países que, juntos, representam quase metade da população do planeta e cerca de 40% do PIB mundial.
Depois que o presidente Trump alertou que enviará, nos próximos dias, cartas aos aliados comerciais dos Estados Unidos para informar sobre a implementação de suas já anunciadas tarifas, o Brics se prepara para apresentar uma frente comum. “Expressamos nossa séria preocupação com o aumento de medidas tarifárias e não tarifárias unilaterais que distorcem o comércio e são inconsistentes com as regras da Organização Mundial do Comércio”, afirma o projeto de declaração final ao qual a AFP teve acesso.
Lula antecipou também o tom da cúpula no sábado. “Diante do ressurgimento do protecionismo, cabe às nações emergentes defender o regime multilateral de comércio e reformar a arquitetura financeira internacional”, declarou o presidente brasileiro. O texto que será submetido aos chefes de Estado, no entanto, evita fazer uma menção explícita a Trump, enquanto vários países, como a China, negociam de modo bilateral com os Estados Unidos suas disputas tarifárias.
Dólar impera
Paralelamente, após as ameaças de Trump de impor tarifas de 100%, não se espera que prospere a ideia de impulsionar uma moeda alternativa ao dólar para o comércio entre os membros dos Brics, apesar do apelo de Lula nesse sentido. “Se a gente não encontrar uma nova fórmula, a gente vai terminar o século XXI igual a gente começou o século XX”, afirmou o brasileiro durante a semana.
A presidente do banco do Brics, ex-presidente brasileira Dilma Rousseff, descartou a ideia. “Hoje não tem ninguém querendo assumir o lugar dos Estados Unidos (…) Como é que você fornece uma moeda hegemônica para o resto do mundo?”, questionou no sábado. “Não vejo possibilidade de que isso esteja ocorrendo”, acrescentou.
Consenso sobre Oriente Médio
Os negociadores alcançaram, no sábado, um consenso sobre a escalada bélica no Oriente Médio, o tema que mais dividia as delegações. O Irã, sócio do grupo desde 2023, aspirava um tom mais duro do Brics sobre o conflito na região, segundo uma fonte que participou das negociações. Mas a declaração final dos líderes manterá a “mesma mensagem” que o grupo emitiu em um comunicado em junho, no qual manifestou sua “profunda preocupação” com os bombardeios contra o Irã, sem mencionar Israel e Estados Unidos.
Israel iniciou uma campanha aérea sem precedentes em 13 de junho contra o Irã, país que acusa de ter a intenção de desenvolver armamento nuclear. Teerã nega. O governo dos Estados Unidos se uniu à ofensiva israelense com bombardeios contra as instalações nucleares. O Irã respondeu com ataques a Israel e contra uma base americana no Catar, antes de Trump anunciar uma trégua do conflito.
Ausências notáveis
Esta é a primeira cúpula do Brics sem a presença do presidente chinês Xi Jinping desde que ele assumiu o poder em 2012. Também não viajaram ao Rio o presidente iraniano Masud Pezeshkian e o russo Vladimir Putin, alvo de um mandado de prisão internacional por supostos crimes de guerra na Ucrânia, embora sua participação por videoconferência esteja prevista.

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O Brics também divulgará declarações sobre mudanças climáticas – tema crucial para o Brasil, que receberá a COP30 na cidade de Belém no final do ano -, inteligência artificial e cooperação na área de saúde. O grupo, criado em 2009, foi ampliado recentemente com a incorporação da Arábia Saudita, Egito, Emirados Árabes Unidos, Etiópia, Indonésia e Irã para reforçar o chamado Sul Global. As Forças Armadas mobilizaram mais de 20.000 militares para o esquema de segurança da reunião de cúpula no Rio de Janeiro e utilizarão caças com mísseis para controlar o espaço aéreo.
*Com informações da AFP

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Fonte: Jovem Pan

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