O governo de São Paulo afirmou, nesta terça-feira (26/01), que os 5,4 mil litros de insumo para produção da vacina CoronaVac devem chegar ao Instituto Butantan no dia 03 de fevereiro (03/02).
“Nós tivemos essa sinalização, de que a liberação desses lotes será feita de uma maneira muito rápida, começando por esses 5,4 mil litros que foram anunciados no dia de ontem [segunda-feira, 25/01] e chegarão aqui na próxima semana, com previsão do dia 03 de fevereiro [03/02]”, afirmou Dimas Covas, diretor do Instituto.
Segundo Dimas Covas, com a chegada da matéria-prima, o Butantan produzirá, em 20 dias, cerca de 8,6 milhões de doses do imunizante.
O anúncio foi feito em coletiva de imprensa nesta manhã, após uma conferência entre o governo paulista e o embaixador da China no Brasil, Yang Waning.
De acordo com Dimas Covas, outros 5,6 mil litros estão em processo “avançado de liberação” pelo governo chinês.
O acordo feito entre o Instituto e o laboratório chinês Sinovac prevê o recebimento total de 46 milhões de doses. Desse montante, 6 milhões foram importadas prontas da China.
Aporte adicional
Ainda na coletiva, o diretor afirmou que existe a possibilidade de o Instituto receber um aporte adicional de doses, conforme previsto em contrato, mas tal negociação depende da manifestação do Ministério da Saúde. Segundo Dimas Covas, um ofício sobre o assunto foi enviado ao Ministério na última sexta-feira (22/01).
“Existe a possibilidade de um adicional de 54 milhões de doses, mas para isso precisamos de uma manifestação do Ministério da Saúde. Na última sexta-feira (22/01), enviei um ofício solicitando essa manifestação para que nós possamos programar essa produção. O quanto antes tiver essa definição, o quanto antes faremos esse planejamento, e o quanto antes traremos essa vacina para o Brasil”, afirmou Dimas Covas.
Embates com governo federal
O governador de São Paulo, João Doria (PSDB), voltou a dizer que a liberação dos insumos só ocorreu após esforços do governo estadual e acusou o presidente Jair Bolsonaro de oportunismo.
“Todas as demandas foram conduzidas pelo Instituto Butantan e pelo governo de São Paulo e continua assim. Nós cuidamos disso e cuidamos bem, por isso que as vacinas chegaram até o Brasil e chegaram bem”, disse Doria nesta terça. “Surfar por algo que não é verdadeiro, não é boa conduta”, completou.
Nessa segunda (25/01), Bolsonaro publicou em uma rede social que a Embaixada da China no Brasil informou que os insumos estavam liberados. No mesmo dia, o governador se manifestou por meio das redes sociais.
O embaixador participou virtualmente da coletiva desta terça (26/01) e defendeu o Brasil como um importante parceiro da China.
“O Brasil é um país importante e parceiro de grande significado da China, mantemos uma relação amistosa, tradicional entre os dois países, incluindo o estado de São Paulo, o maior o estado do Brasil que tem mantido uma boa relação com a China. E valorizamos muito nosso relacionamento tradicional e amistoso”, afirmou Yang Wanming.
Em outubro, Bolsonaro chegou a suspender um acordo entre o Ministério da Saúde e o Butantan para a compra de 46 milhões de doses da CoronaVac.
Na ocasião, o presidente disse em uma rede social que os brasileiros não seriam “cobaia” de ninguém e se referiu à CoronaVac como a “vacina chinesa de João Doria”.
Em novembro, quando os testes da CoronaVac foram interrompidos devido a morte de um dos voluntários, o presidente chegou a dizer que a vacina causava “morte, invalidez, anomalia”. A morte do voluntário não ocorreu por causa da vacina.
Apoio
Ontem, segunda (25/01), o governador de São Paulo reuniu o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB), presencialmente, e os ex-presidentes José Sarney (MDB) e Michel Temer (MDB), que participaram de forma virtual, em coletiva de imprensa no Palácio dos Bandeirantes.
Na última quinta-feira (21/01), o governo de São Paulo relatou que teria pedido ao ex-presidente Michel Temer que entrasse nas negociações para liberar a importação dos insumos.
Reunião de ex-presidentes
Apesar da presença dos ex-presidentes, Doria disse que esse o evento não era um ato político, mas uma ação em defesa da vida, com a vitória da ciência. Segundo ele, todos os ex-presidentes foram convidados, mas somente três participaram do evento.
Os ex-presidentes Dilma Rousseff (PT), Lula (PT) e Fernando Collor (PROS) foram convidados, mas recusaram o convite.
Doses da CoronaVac
A CoronaVac é uma vacina contra Covid-19 baseada em vírus inativado e desenvolvida pela Sinovac em parceria com o Butantan. Parte das doses foi entregue pela Sinovac já pronta para uso, enquanto outra parte é formulada pelo instituto em São Paulo.
O Instituto Butantan necessita dos insumos para retomar o processo de envase da CoronaVac em São Paulo.
No último domingo (17/01), a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) autorizou o uso emergencial dos 6 milhões de doses importadas prontas da China. Um cronograma firmado entre o Instituto Butantan e o Ministério da Saúde prevê a entrega de 8,7 milhões de doses da vacina até 31 de janeiro (31/01). Desse total, 6 milhões foram entregues ao longo desta última semana.
Na segunda-feira (18/01), o Butantan fez um pedido de uso emergencial para 4,8 milhões de doses da CoronaVac envasadas no instituto, o que foi aprovado.
No entanto, de acordo com o Butantan, após processo de envase e conferência do lote, o total de doses envasadas foi de 4,1 milhões de doses. Desses 4,1 milhões de doses, 900 mil foram liberadas na sexta-feira (22/01).