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Sábado, 4 Janeiro, 2025

Gusttavo Lima é indiciado por lavagem de dinheiro em operação da Polícia Civil de Pernambuco

Gusttavo Lima, cantor sertanejo, foi indiciado pela Polícia Civil de Pernambuco por envolvimento em lavagem de dinheiro e organização criminosa. A medida faz parte da Operação Integration, que investiga atividades ilegais relacionadas a jogos de azar e lavagem de dinheiro através de casas de apostas. A decisão de indiciá-lo ocorreu no dia 15 de setembro, e a Justiça inicialmente decretou sua prisão preventiva, que posteriormente foi revogada. A operação, que abrange 53 alvos, inclui figuras do mundo do crime, como bicheiros, além da influenciadora digital Deolane Bezerra.

Veja alguns dos pontos da investigação que levou ao indiciamento:

Cofre com R$ 150 mil

Um cofre milionário com dinheiro vivo (notas de dólares, euros e reais). Foi o que a polícia encontrou na sede da Balada Eventos e Produções, empresa de shows de Gusttavo Lima localizada em Goiânia (GO). Os investigadores apreenderam ali cerca de R$ 150 mil.

A polícia considera isso como um indício de lavagem de dinheiro. A defesa de Gusttavo Lima diz que o dinheiro no cofre era para pagamento de fornecedores.

R$ 8 milhões em notas sequenciais

A polícia encontrou ainda 18 notas fiscais sequenciais, emitidas no mesmo dia e em valores fracionados por outra empresa do cantor, a GSA Empreendimentos.

Essas notas reuniam mais de R$ 8 milhões pelo uso de imagem e voz do cantor e eram emitidas para a PIX365 Soluções (Vai de Bet, de acordo com a polícia), também investigada no esquema. A polícia avalia que esse seria outro indício de lavagem de dinheiro.

A defesa do cantor alega que os valores foram declarados e os impostos pagos. Já a defesa de José André da Rocha Neto (o responsável pela PIX365) diz que as notas sequenciais emitidas à empresa de Gusttavo Lima são pela prestação de serviço do cantor à Vai de Bet.

Os aviões

Outro ponto que levou ao indiciamento do cantor é a suspeita de que ele participou de uma negociação irregular com empresários ligados a jogos ilegais.

Isso porque, entre os anos de 2023 e 2024, um avião da Balada Eventos foi vendido duas vezes para investigados na operação — por US$ 6 milhões e R$ 33 milhões, respectivamente.

A primeira compra foi feita pela Sports Entretenimento, que pertence a Darwin Henrique da Silva Filho, pernambucano que, segundo a polícia, é de uma família de bicheiros do Recife. Ele se desfez do avião dois meses após a compra, alegando problemas técnicos.

A polícia identificou que tanto o contrato quanto distrato foram emitidos no mesmo dia, 25 de maio de 2023. E que o laudo — que apontou a falha mecânica — foi em 29 de junho daquele ano.

O mesmo avião voltou a ser vendido no ano seguinte. Dessa vez, quem comprou foi a J.M.J Participações, do empresário José André da Rocha Neto, que também é alvo da operação.

De acordo com a polícia, a segunda venda foi realizada sem que nenhum laudo comprovasse o reparo no avião. Além disso, a transação envolveu um helicóptero que também era da empresa de Gusttavo Lima e já tinha sido comprado por outra empresa de Rocha Neto. Na negociação, o helicóptero voltou para o cantor.

As duas vendas, segundo a investigação, usaram dinheiro legal e dinheiro ilegal. Segundo o inquérito, o esquema funcionava assim:

  • O dinheiro do jogo do bicho, de jogos de azar e de bets legalizadas iam todos para um mesmo caixa
  • Lá, os valores lícitos eram misturados aos do crime
  • Para dar aparência legal e voltar ao mercado limpo, o dinheiro contaminado, segundo a polícia, foi usado na negociação das aeronaves.

A defesa de Gusttavo Lima diz que os contratos foram feitos em nome das empresas com os seus representantes legais, o que afastaria a possibilidade de lavagem de dinheiro. Também alega que a análise dos policiais apresenta “falhas ao não considerar a data digital do distrato da compra de uma das aeronaves”.

Vai de Bet

Em julho deste ano, Gusttavo Lima virou, segundo o inquérito, sócio da marca Vai de Bet. A empresa é uma das investigadas na operação.

Rocha Neto afirma que seu primeiro contato com Gusttavo Lima foi para tê-lo como embaixador da Vai de Bet. Diz também que o sertanejo tem direto a 25% da marca, mas que nunca foi sócio e jamais participou da administração.

Os investigadores dizem ter encontrado um documento que mostra que, em fevereiro de 2024, Gusttavo se tornou sócio com participação de 25%, mas suspeitam que ele seja uma espécie de dono oculto da empresa há muito mais tempo. Isso porque, no final de 2023, a Vai de Bet fechou um patrocínio milionário com o Corinthians que acabou virando alvo de outra investigação em São Paulo.

Em depoimento à polícia, um conselheiro do clube contou que o presidente do Corinthians falou por telefone com Gusttavo Lima e que o presidente afirmou — já naquela época — que o cantor era um dos donos da Vai de Bet.

A defesa do cantor afirma que ele não é sócio da Vai de Bet e alega que o contrato encontrado pela polícia indica que ele tem 25% de eventual venda da marca. Também diz que o contrato com a PIX365 tinha cláusula anticorrupção e foi suspenso.

O Corinthians diz que o caso está na Justiça e que o clube não trata mais de questões ligadas a essa empresa.

Após a revogação de sua prisão, Gusttavo Lima retornou ao Brasil e se apresentou em um show em Marabá. Durante a apresentação, ele fez uma declaração sobre a importância da honestidade, o que gerou repercussão entre os fãs e a mídia. A situação do cantor continua a ser monitorada, à medida que a Operação Integration avança em suas investigações.

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