Um menino de um ano e três meses morreu de meningite pneumocócica na última segunda-feira (01/01), na UPA Noel Macedo, em Arapiraca. O menino residia no Sítio Fernandes, zona rural do município.
O óbito foi confirmado pela Secretaria Municipal de Saúde que divulgou as informações através do Alerta Epidemiológico. Segundo a Secretaria de Saúde, o menino, acompanhando de sua mãe, compareceu à Unidade de Pronto Atendimento Noel Macedo no domingo (31/12/2023), com queixas de febre, vômitos, falta de apetite e “chiado” no peito há um dia, sendo atendido e liberado com prescrição externa. Às 00:40h da segunda-feira (01/01), retorna ao serviço, por meio de ambulância, acompanhado de seus pais com relato de crise convulsiva há 20 minutos, em grave estado geral, rigidez difusa, desacordado e abaulamento de fontanela anterior.
Diante do quadro, na UPA foi realizado contato via telemedicina e administrado medicações conforme fluxo estabelecido pela Secretaria Estadual de Saúde de Alagoas para suspeita de meningite em crianças. Acionado SAMU para suporte, porém a criança evoluiu para óbito às
3:15h.
O corpo do menino foi encaminhado para o Serviço de Verificação de Óbito de Alagoas, onde foi coletado amostra para teste de COVID-19 com resultado NÃO DETECTÁVEL, mas DETECTÁVEL para streptococcus pneumoniae.
Ainda de acordo com a Secretaria Municipal de Saúde, a criança estava com a situação vacinal atualizada para a idade.
A MENINGITE PNEUMOCÓCICA
A infecção causada pela bactéria Streptococcus pneumoniae (pneumococo) é uma das principais causas de morbimortalidade em todo o mundo, e se constitui em uma das prioridades em saúde pública mundial. A meningite pneumocócica consiste em uma das formas da doença pneumocócica invasiva (DPI), sendo uma infecção grave causada pelo pneumococo. Este microrganismo possui mais de 90 sorotipos e a nasofaringe do
ser humano é o seu principal reservatório.
A transmissão geralmente ocorre de pessoa a pessoa por meio de gotículas e secreções respiratórias. O período de incubação varia de dois a quatro dias.
Todos os indivíduos são susceptíveis à meningite pneumocócica (MP), porém as crianças menores de cinco anos, idosos e indivíduos portadores de quadros crônicos ou de doenças imunossupressoras apresentam maior risco de adoecimento.
Assim como outras meningites bacterianas, as principais manifestações clínicas da MP são febre, rigidez de nuca e alterações do estado de consciência, cefaléia, náusea, vômito, prostração, irritação meníngea (Sinal de Kernig e de Brudzinski), alterações do líquido cefalorraquidiano, podendo haver delírio e coma.
O diagnóstico laboratorial específico é feito por meio das técnicas de cultura, Reação em Cadeia Polimerase (PCR) e aglutinação pelo látex. A cultura é considerada padrão ouro para o diagnóstico da doença.
O tratamento com antibióticos deve ser iniciado imediatamente após a suspeita da doença e escolhido de maneira individualizada, observando as peculiaridades do paciente, para minimizar a letalidade e propiciar um prognóstico favorável. Recomenda-se que a coleta das amostras seja realizada antes de iniciar a antibioticoterapia.
As vacinas são as principais formas de prevenção contra o pneumococo. No Brasil, encontram-se disponíveis no Sistema Único de Saúde (SUS), as vacinas pneumocócica 10-Valente (conjugadas) (PCV-10), na rotina de vacinação das crianças, em esquema de duas doses e um reforço, sendo administradas aos dois e quatro meses de idade, com um reforço aos 12 meses de idade; a pneumocócica 13-Valente ( PCV-13), para grupos
especiais nos Centros de Referência para Imunobiológicos Especiais (CRIE), além da vacina pneumocócica 23-Valente (polissacarídica) – (PPV-23), para os povos indígenas a partir de 5 anos de idade sem comprovação vacinal com as vacinas conjugadas e para pessoas com 60 anos e mais, não vacinados que vivem acamados e ou em instituições fechadas, como casas geriátricas, hospitais, unidades de acolhimento/asilos e casas de repouso.