21.1 C
Arapiraca
Sábado, 1 Março, 2025

Negociando entre valentões

A chegada do presidente ucraniano à Washington DC sinalizava um bom movimento rumo à resolução das diferenças entre Estados Unidos e Ucrânia. A possibilidade de assinatura de um acordo sobre a exploração mineral no país europeu era um caminho promissor para que a ideia de cessar-fogo desse um passo importante adiante. Todavia, nem o mais surrealista dos escritores poderia imaginar um desfecho tão lamentável como o da reunião de hoje. A quebra repetida de tantos protocolos demonstra que o mundo atravessa um mar de incertezas pelos próximos anos.

A missão de Zelensky era apenas uma, conseguir algum tipo de garantia de segurança para a Ucrânia, para referendar o acordo de minérios com os Estados Unidos. A entrevista coletiva concedida no Salão Oval buscava ser um preâmbulo amistoso antes das formalidades, mas se transformou em uma das maiores “frituras” televisionadas em rede mundial. Enquanto perguntava a respeito das garantias de segurança e o tipo de diplomacia proposta, Zelensky recebeu uma ríspida resposta do vice-presidente JD Vance que o chamou de desrespeitoso e ingrato. Ao responder que é um presidente em guerra e que os Estados Unidos poderão sentir os impactos dessa guerra no futuro, foi interrompido por Donald Trump que intensificou ainda mais a humilhação pública do presidente ucraniano. O republicano disse que Zelensky não tem as cartas nas mãos, e está arriscando o mundo para uma terceira guerra mundial ao não aceitar a proposta americana. O bate-boca se tornou mais acalorado e a entrevista coletiva foi encerrada de forma precoce.

O desconforto foi tão grande, que Donald Trump ordenou a saída de Volodymir Zelensky da Casa Branca, que por sua vez deixou o recinto e não assinou o acordo. As consequências geopolíticas deste acontecimento inusitado ainda serão sentidas nos próximos dias, mas é fato que nunca na história norte-americana tamanho exemplo de destemperança foi dado frente às câmeras. Ao receber de maneira tão indecorosa um outro chefe de estado e humilhá-lo na frente de milhões, Donald Trump, quebrou mais de 250 de tradição diplomática estado-unidense. Em momentos dos mais desafiadores durante a Guerra Fria ou durante as guerras do Golfo, nunca se presenciou algum líder dos Estados Unidos falando de maneira tão grosseira com um inimigo, quem diria, um aliado, uma nação amiga, como é a Ucrânia.

cta_logo_jp
Siga o canal da Jovem Pan News e receba as principais notícias no seu WhatsApp!

A maneira agressiva televisionada hoje mostra algo peculiar; Trump e Vance falam de maneira rude e fazem ameaças perante nações militarmente inferiores e economicamente mais fracas como a Ucrânia, o Panamá, o México, mas não usam da mesma tática retórica ao se referirem à Rússia, China ou Coreia do Norte. Achacar os pequenos e se calar perante os grandes, mostra mais defeitos morais do que virtudes. O precedente aberto hoje, faz com que a boa diplomacia cultivada por séculos, seja provavelmente substituída por uma forma emocionada e midiática de se fazer política externa. Décadas de tradição, ponderação e sobriedade foram quebradas hoje no Salão Oval, onde um presidente visitante, foi publicamente humilhado por dois valentões.

Fonte: Jovem Pan

Últimas

Últimas notícias
Últimas notícias

Polícia investiga últimos passos de Gene Hackman para tentar descobrir causa da morte 

As autoridades do Novo México iniciaram uma investigação sobre...

Líderes europeus defendem Zelensky após bate-boca com Trump

Líderes da Europa demonstraram solidariedade ao presidente da Ucrânia,...