O primeiro-ministro do Japão, Shigeru Ishiba, anunciou sua renúncia neste domingo (7), um dia antes de uma reunião crucial de seu partido para decidir sobre uma antecipação excepcional das primárias que o teria deposto da chefia de governo após resultados eleitorais decepcionantes. “Decidi renunciar como líder do Partido Liberal Democrata (PLD), então, de acordo com os estatutos internos, a convocação de uma campanha extraordinária para escolher um novo presidente já não é necessária”, disse Ishiba em uma entrevista coletiva convocada às pressas após o vazamento de sua decisão.
“Eu vinha dizendo há um tempo que não tinha a intenção de me apegar ao cargo e que anunciaria minha decisão no momento certo”, declarou Ishiba, que acrescentou que esse momento é agora, um dia após o retorno ao país do negociador japonês em matéria de tarifas, Ryosei Akazawa, depois da assinatura da ordem executiva dos Estados Unidos para reduzir em 15% as taxas sobre veículos japoneses. Akazawa, também ministro da Revitalização Econômica e colaborador próximo de Ishiba, foi um dos membros de seu gabinete presentes durante a coletiva, junto com o porta-voz do governo, Yoshimasa Hayashi, entre outros.
Ishiba, que permanecerá como primeiro-ministro até que o PLD escolha seu novo líder, assegurou que o acordo comercial alcançado com a administração do presidente Donald Trump é um “marco” para o Japão, e pediu ao seu sucessor para implementar integralmente os termos e abordar as preocupações e dúvidas que possam surgir em torno do pacto, como ocorreu durante seu governo.
A renúncia é uma mostra também de sua vontade de assumir a responsabilidade pelos resultados das eleições parciais para a Câmara Alta em 20 de julho, nas quais a coalizão governista perdeu a maioria, e que desencadeou uma revolta no seio de seu partido para destituí-lo da liderança. O partido deveria anunciar uma decisão a esse respeito amanhã, segunda-feira (8). A renúncia de Ishiba como presidente do PLD também implica sua renúncia como primeiro-ministro.
No Japão, o cargo de primeiro-ministro é ocupado pelo líder do partido mais votado nas eleições gerais, e uma mudança de presidente no partido acarreta uma mudança na chefia do governo. Ishiba, que chegou à chefia do Executivo japonês após sua eleição como líder do PLD em setembro do ano passado, lembrou hoje algumas das conquistas de seu mandato, entre elas o já citado acordo comercial com Washington, um aumento histórico do salário mínimo interprofissional e a aprovação de um orçamento extraordinário para enfrentar o impacto da persistente inflação.
O líder japonês agradeceu o apoio daqueles que confiaram nele, pediu desculpas “por ter que renunciar” e instou seu sucessor a fortalecer a aliança com os EUA e a estreitar os laços do país também com as outras nações asiáticas, com a África e com a Europa. “O Japão é necessário para o mundo, esse é o sentimento que tive fortemente neste ano”, disse Ishiba, que também mostrou sua preocupação com a proximidade entre a Coreia do Norte, a Rússia e a China, e assegurou que adquirir capacidades de dissuasão é “um desafio iminente”.
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Quanto às preocupações em nível nacional, citou a necessidade de revitalizar as economias rurais e abordar a queda da natalidade e o envelhecimento da população. O primeiro-ministro Ishiba vinha sendo alvo de críticas crescentes em seu partido após os resultados eleitorais de julho, visto que a coalizão já havia perdido a maioria na mais poderosa Câmara Baixa nas eleições gerais de outubro, resultando em um governo minoritário incomum no Japão do pós-guerra.
*Com informações da EFE
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Fonte: Jovem Pan