Após quase quatro anos em análise junto ao BTG Pactual, o Fluminense finalmente recebeu uma proposta para virar SAF. Os detalhes foram apresentados nesta segunda-feira para o Conselho Deliberativo do clube. A proposta é da LZ Sports, braço da gestora Lazuli Partners. O aporte inicial seria de R$ 500 milhões (uma metade de imediato e a outra em até dois anos). Somado a isso, em até 10 anos, a empresa “Fluminense SAF” investiria mais R$ 6,4 bilhões a partir da geração de caixa do clube.
A quantia bilionária seria dividia em R$ 4,7 bilhões para folha salarial de elenco e comissão técnica, R$ 1,1 bilhão para compra de atletas, R$ 359 milhões para formação de jogadores e R$ 143 milhões em royalties para associação. Isso, mais os aportes dos dois primeiros anos, somaria R$ 6,9 bilhões. A SAF seria responsável pelo futebol masculino, feminino, Xerém (categoria de base) e o futsal. A sede de Laranjeiras e outros bens imóveis permaneceriam com a associação, mas podendo ser usado pela parte da SAF.
A divisão entre associação e empresa se daria conforme a dívida do Fluminense, sendo que a LZ Sports deve ter o mínimo de 51% e o máximo de 90% das ações. Considerando a dívida declarada em 2024, que foi de R$ 871 milhões, o fundo da LZ Sports teria 65% das ações, enquanto a associação ficaria com 35%.
A compra se daria após uma renegociação da dívida com os credores, para saber-se quanto seria destinado mensalmente para quitar os débitos. A LZ Sports reuniu 40 investidores que são torcedores do Fluminense e teriam cotas na participação da SAF. A gestora divulgou 13 nomes que participam da proposta:
Família Almeida Braga – ligada a seguradoras (antiga Atlântica Boa Vista, atual Bradesco Seguros)
Grupo Apex Partners – empresa de investimentos
Heráclito de Brito Gomes Junior – vice-presidente Rede D’Or (ramo hospitalar)
Família Dantas – ligada a gestão de fundos
Família De Luca – da Frescatto (ramo de frutos-do-mar)
Família Esteves – ligada ao comitê executivo da BTG Pactual
Família Hallack – ligado a empreiteira Camargo Correia
Família Klabin – do Grupo Kablin (indústria de papel e celulose)
Membros da família Monteiro Aranha – do Grupo Monteiro Aranha
Família Paes – tem como representante o Guilherme Paes, sócio do BTG Pactual e irmão do prefeito do Rio, Eduardo Paes
Ricardo Tadeu – ligado a Ambev (ramo de bebidas)
Bruno Werneck – advogado
Família Zitelmann – ligada ao comitê executivo da BTG Pactual
A gestão seria feita por meio de um conselho composto por oito cadeiras (duas da associação e seis da SAF). “Muitas das SAFs que aconteceram aqui no Brasil, chegava um investidor estrangeiro, como se entrasse numa loja, e falava para o investidor dele: ‘Eu quero um clube de Série B, mas tem de ser numa cidade grande’, ‘Essa não pode, então pega uma cidade pequena’, ‘Tem torcida, não tem torcida.’ Ia escolhendo como se estivesse escolhendo a roupa que iria vestir. Para nossos investidores, só existia uma opção: investir no Fluminense”, disse o sócio da Lazuli Partners e LZ Sports, Carlos de Barros. A avaliação da LZ Sports sobre quanto valeriam as ações do Fluminense apontou o valor de R$ 260 milhões. Segundo Barros, esse seria o maior valuation de uma SAF no Brasil.
Após a primeira apresentação no Conselho Deliberativo, houve troca de farpas entre conselheiros contrários à SAF e quem apoia a mudança. Foram feitas cobranças ao presidente Mário Bittencourt sobre a possibilidade de ele assumir como CEO, caso houvesse a transformação do Fluminense em SAF, além de críticas a ele supostamente ser um dos interessados em aceitar a proposta por essa razão. A votação dos sócios, que define os próximos passos, vai acontecer apenas depois da eleição presidencial do clube, prevista entre a segunda quinzena de novembro e a primeira de dezembro. A previsão é que um desfecho do processo seria apenas em fevereiro.
Fonte: Jovem Pan