Dino autoriza buscas em apartamento do deputado Antônio Doido
Medida faz parte da Operação Igapó, da Polícia Federal
Por Agência Brasil
16 de Dezembro de 2025 às 11:54
Imagem: Reuters/Ueslei Marcelino/Proibida reprodução
O ministro Flávio Dino, do Supremo Tribunal Federal (STF), autorizou que a Polícia Federal (PF) fizesse buscas na residência do deputado Antônio Doido (MDB-PA), nesta terça-feira (16), no âmbito da Operação Igapó, que apura a atuação de uma organização criminosa envolvida com o saque de R$ 48 milhões em espécie de agências bancárias no Pará.
Ao cumprir a diligência, nas primeiras horas da manhã, os agentes da PF encontraram um dos celulares na área externa do prédio em que o parlamentar mora, na área central de Brasília. Segundo testemunhas ouvidas pelos policiais, o aparelho foi jogado pela janela.
Antônio Doido é investigado por desvio de verbas públicas com a utilização de diversas empresas de fachada, em especial no ramo da construção civil, que seriam todas comandadas por sua esposa, Andrea Costa Dantas.
Segundo relatório parcial da PF sobre a investigação, cujo sigilo foi levantado por Dino, o esquema envolvia “complexo esquema de lavagem de dinheiro que teria como ponto de partida recursos oriundos de contratos públicos, os quais seriam aparentemente destinados, ao menos em parte, para fins eleitorais escusos, além da aquisição de patrimônio”.
As investigações tiveram como base o material encontrado no telefone de Francisco Galhardo, policial militar aposentado que, segundo a PF, atuava a mando de Antônio Doido e era responsável por efetuar os saques, que ocorrem ao menos desde 2023, segundo as investigações.
“Os elementos apontam para a conclusão de que Francisco Galhardo se utilizaria ‘do aparato estatal, mais especificamente, de um grupo de policiais militares, para realizar, dentre outras atividades suspeitas, a movimentação de altas quantias em espécie, sob a égide do deputado federal Antônio Leocádio dos Santos’”, diz o relatório da PF, citando o documento de análise do celular do militar.
Galhardo foi preso em flagrante em outubro de 2024, dentro de uma agência bancária em Castanhal, no Pará, com R$ 4,6 milhões em espécie. “Válido assinalar que foi constatado Antônio Doido também utiliza a configuração de mensagens temporárias do WhatsApp, de maneira que somente registros de mensagens do dia 4 de outubro 2024 estavam armazenados no celular de Francisco Galhardo”, observaram os investigadores.
Parte do dinheiro apreendido seria utilizado para custear o deslocamento de policiais militares que iriam “rodar o interior” do Pará, incluindo a compra de um roteador via satélite para que não ficassem fora de área, segundo a PF.
Em parecer no qual concordou com as diligências, a Procuradoria-Geral da República (PGR) disse que "além das movimentações financeiras suspeitas, os indícios apontam para uma possível instrumentalização da estrutura policial em benefício de candidaturas políticas".
No pedido para fazer mais buscas contra o deputado, a PF justifica ter encontrado registros de que os desvios continuam a ser feitos, pois “centenas de milhões de reais em verbas públicas continuam sendo pagos às empresas vinculadas ao grupo investigado, com origem em recursos do erário cuja destinação não seguiu o interesse público ou qualquer lógica além da conveniência para os envolvidos no esquema criminoso”.
A PF pediu para fazer buscas também no gabinete do deputado na Câmara dos Deputados, mas Dino negou o pedido, afirmando que as investigações têm como foco fatos ocorridos no estado do Pará, “não sendo demonstrado especificamente a utilidade dessa busca no gabinete da Câmara para a investigação”.
Em nota, a PF informou que "os investigados teriam o objetivo de desviar verbas públicas por meio de fraudes em processos de licitação, com posterior utilização dos valores desviados no pagamento de vantagens indevidas e ocultação de patrimônio”.
O secretário de Obras Públicas do estado do Pará, Ruy Cabral, também foi alvo de buscas nesta terça-feira.
Ao todo, Dino determinou a apreensão de aparelhos eletrônicos e a quebra do sigilo telefônico e telemático de 13 pessoas físicas e de dez pessoas jurídicas, incluindo telefones e aparelhos da Secretaria de Obras Públicas do Pará.
O ministro ordenou ainda o bloqueio de R$ 17 milhões em valores eventualmente encontrados em contas bancárias ligadas às empresas e pessoas investigadas.
A Agência Brasil busca contato com o deputado Antônio Doido e assessores de seu gabinete e está aberta à manifestações.
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