Operação em Campinas mira principal chefe do PCC foragido, agiotas e influenciadores

Justiça bloqueou imóveis de luxo e decretou nove prisões preventivas. Um suspeito morreu e um policial ficou ferido durante um confronto

Por Isabela Leite, Gabriella Ramos, Junior Gomes, g1 30 de Outubro de 2025 às 08:47
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Operação em Campinas mira principal chefe do PCC foragido, agiotas e influenciadores
O Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) de Campinas (SP) e o 1º Batalhão de Ações Especiais de Polícia (Baep) da Polícia Militar deflagraram, nesta quinta-feira (30), uma operação que mira um esquema de lavagem de dinheiro ligado a dois dos traficantes mais procurados do Brasil.

Entre os alvos estão integrantes da facção criminosa Primeiro Comando da Capital (PCC), empresários, agiotas e influenciadores digitais.

Durante o cumprimento dos mandados, houve confronto entre policiais e um dos investigados. O suspeito morreu no local, e um policial militar foi baleado e encaminhado ao Hospital de Clínicas da Unicamp, onde recebe atendimento médico.

Os principais nomes mencionados nas investigações são Sérgio Luiz de Freitas Filho, conhecido como “Mijão”, “Xixi” ou “2X”, e Álvaro Daniel Roberto, o “Caipira”, que não é alvo de prisão nesta operação. Os dois estão foragidos há anos e são considerados entre os mais procurados do país.

Foram emitidos nove mandados de prisão preventiva e 11 mandados de busca e apreensão, além de outras medidas, incluindo o bloqueio de 12 imóveis de luxo e de valores em contas bancárias.

As buscas são em condomínios de alto padrão de Campinas, como Alphaville, Entreverdes, Jatibela e Swiss Park, entre outros. Os mandados também serão cumpridos ao longo da manhã em Mogi Guaçu (SP) e Artur Nogueira (SP).

Desdobramento de outras operações

A ação desta quinta é um desdobramento das operações “Linha Vermelha” e “Pronta Resposta”, que desarticularam em agosto um plano do PCC para assassinar o promotor de Justiça Amauri Silveira Filho, em Campinas.

A partir da análise do material apreendido nessas ações, promotores e policiais descobriram novos esquemas criminosos que conectavam empresários e traficantes.

A investigação mostrou que os criminosos realizaram diversas transações financeiras para disfarçar a origem do dinheiro obtido com o tráfico de drogas. Para isso, utilizavam diferentes estratégias, incluindo o uso de empresas e atividades aparentemente lícitas para lavar os valores ilícitos.

Em certo momento, surgiram brigas e desentendimentos entre os integrantes do grupo. Foi nesse período que eles fizeram várias transações de imóveis e movimentações financeiras para espalhar o patrimônio e esconder quem eram os verdadeiros donos e de onde vinha o dinheiro, e essas operações acabaram sendo descobertas pelo Ministério Público.

Quem são os investigados?

Um dos alvos de mandado de prisão é Eduardo Magrini, conhecido como “Diabo Loiro”, apontado como membro importante do PCC. Ele já possui passagens por homicídio, formação de quadrilha, receptação e uso de documentos falsos.

Nas redes sociais, Magrini se apresenta como produtor rural e influenciador digital, frequentemente postando fotos de carros de luxo e viagens.

Outro investigado é Álvaro Daniel Roberto, o “Caipira”. Ele é acusado de tráfico de drogas, crimes contra o patrimônio e associação criminosa, mantendo vínculos com chefes de facções. Embora não seja alvo de prisão nesta operação, ele aparece nas investigações com fortes ligações com o grupo investigado.

Segundo o Ministério Público, Caipira é um dos principais traficantes do Brasil, com conexões com Juan Carlos Abadia e o Cartel do Vale do Norte, na Colômbia.

Ele integra uma organização responsável pelo tráfico de cocaína vinda do Paraguai e da Bolívia para o Brasil, com destino à Europa, e é responsável pela distribuição da droga no estado de São Paulo, conhecida como a “Rota Caipira”.

Ele foi preso em 2013 em Fortaleza (CE), transferido para Juiz de Fora (MG) e colocado em prisão domiciliar, de onde fugiu pouco tempo depois. Atualmente, continua foragido, com mandados de prisão em aberto.

As investigações apontam que tanto Sérgio “Mijão” quanto Álvaro “Caipira” estão possivelmente escondidos na Bolívia. O filho de Mijão e Diabo Loiro foram presos.