São Paulo, Grêmio e Corinthians são os times com mais lesões em 10 anos; Vasco lidera casos graves
De 2016 a 2025, clubes da elite do Brasil registram 8090 contusões. Maicon, Marinho, Pablo, Mayke e Rodrigo Caio vão mais vezes ao DM. Ruan Oliveira, Dedé e Breno somam mais dias no estaleiro
O São Paulo é o clube com mais lesões no futebol brasileiro nos últimos 10 anos. Grêmio, Corinthians, Botafogo e Internacional completam o top-5 do ranking. Na outra ponta, o Vasco aparece entre as equipes com menor número de casos, mas lidera o tempo médio de permanência no departamento médico, um indicativo de lesões mais graves e tratamentos mais longos.
Um dos clubes que mais sofreu com lesões em 2025, o São Paulo carrega um histórico recente marcado por departamentos médicos cheios e sucessivos desfalques por contusão. A reformulação do quadro de profissionais para 2026, com as demissões do fisiologista e do preparador físico, é apenas mais um capítulo de uma série de mudanças adotadas pelo clube nos últimos anos na tentativa de reverter esse cenário.
Em 2023, o Tricolor já havia dispensado o médico do elenco profissional e promovido alterações no Reffis após uma sequência de lesões. Três anos antes, novas mudanças também foram feitas na área da saúde. As iniciativas ilustram a luta constante do clube para reduzir um problema persistente e desafiador no futebol. Um contexto que impacta diretamente o desempenho esportivo, ao limitar o número de atletas disponíveis a cada partida.
Entre 2016 e 2025, o São Paulo liderou as baixas ao departamento médico na elite do futebol brasileiro (veja a lista completa na metodologia), com 483 casos registrados ao longo de 10 temporadas, o que representa uma média de 48,3 lesões por ano. O time que mais se aproxima é outro tricolor: o Grêmio, com 457 vetos clínicos no mesmo período.
No caso gremista, dos 457 registros, 125 (27%) concentraram-se em apenas duas temporadas: 61 em 2017 e 64 em 2018. Em ambos os anos, o Imortal liderou o ranking de contusões entre os times da Série A.
Fechando o pódio do ranking, o Corinthians somou 431 contusões nos últimos 10 anos. O ponto fora da curva foi a temporada de 2022, quando o Timão acumulou 64 baixas ao departamento médico. Ainda assim, houve quem superasse esse número: naquele ano, o Botafogo liderou a estatística com 64 registros. Em 2022, Fagner e Willian foram os jogadores com maior recorrência no DM corintiano, com cinco passagens cada. Já o recorde de jogos perdidos ficou com Paulinho. O volante rompeu o ligamento cruzado anterior do joelho esquerdo na quarta rodada do Campeonato Brasileiro e ficou fora de 49 partidas ao longo da temporada.
O Botafogo aparece na sequência do ranking, com apenas três lesões a menos que o Corinthians no período. Além de 2022 quando liderou na Série A, o Glorioso também viu o ano de 2025 assombrar e prejudicar o desempenho. Com o maior número de contusões da temporada, o Botafogo viu os casos saltarem 53% em relação a 2024, passando de 36 para 55 em 2025, o que comprometeu o desempenho do time e resultou na demissão do preparador físico Luca Guerra. A saída gerou atrito interno e culminou também na saída do técnico Davide Ancelotti, que defendia a permanência de Guerra apesar de divergências com o Núcleo de Saúde e Performance. Os métodos adotados contribuíram para a escalada de lesões.
Fechando o top-5, o Internacional é mais um clube a ultrapassar a marca de 400 contusões entre 2016 e 2025. Foram 414 casos registrados ao longo de nove temporadas analisadas — 2017 ficou fora do levantamento, já que o Colorado disputou a Série B naquele ano. Em três edições, o Inter atingiu ou superou a casa das 50 lesões: 2021 (52), 2022 (50) e 2025 (50). Confira abaixo o top-10 do ranking do futebol brasileiro no período.
Continuação do ranking:
11º Flamengo: 331 lesões (10 temporadas)
12º Palmeiras: 310 lesões (10 temporadas)
13º Bahia: 294 lesões (9 temporadas)
14º Fortaleza: 258 lesões (7 temporadas)
15º Bragantino: 254 lesões (6 temporadas)
16º Chapecoense: 244 lesões (6 temporadas)
17º Coritiba: 243 lesões (5 temporadas)
18º Vasco: 242 lesões (9 temporadas)
19º Vitória: 219 lesões (5 temporadas)
19º Ceará: 219 lesões (6 temporadas)
19 º Sport: 219 lesões (7 temporadas)
Se o São Paulo lidera o ranking em números absolutos de lesões, na média por temporada acaba superado pelo Coritiba. Nas cinco participações do Coxa na elite, o clube paranaense registrou 243 baixas médicas: média de 48,6 por ano - 0,62% superior à do Tricolor paulista.
Quando o critério passa a ser a média de lesões por temporada, o desenho do top-20 muda significativamente. O Vitória, por exemplo, salta 14 posições: sai do 19º lugar em números absolutos para figurar em 5º na média. Já Palmeiras, Flamengo e Cruzeiro perdem posições ao se adotar essa escala de comparação. Confira abaixo o ranking por temporada:
Fora do ranking acima, o Vasco aparece na 21ª posição, com média de 26,9 contusões por temporada. No Cruz-Maltino, porém, o que mais chama a atenção não é a quantidade de lesões, mas a gravidade dos casos. Considerando o tempo médio de recuperação por lesão no período analisado, o Vasco lidera o ranking: em média, um jogador do clube permaneceu 49,79 dias em tratamento até voltar a ser relacionado.
O caso do zagueiro Breno é um exemplo disso. O drama começou em novembro de 2017 com uma lesão no menisco do joelho esquerdo, sofrida no jogo contra o Vitória. No ano seguinte, foram mais três cirurgias no joelho. Ao todo, ele ficou 1.086 dias no estaleiro.
Bragantino e Cruzeiro aparecem logo atrás do Vasco, com tempos médios de recuperação semelhantes: 44,37 e 44,22 dias, respectivamente. No Massa Bruta, o caso mais emblemático foi o de Nathan Camargo, que passou cerca de 450 dias no departamento médico. Já na Raposa, os períodos mais longos foram os do zagueiro Dedé e do volante Henrique, que acumularam 1.296 e 1.083 dias afastados, respectivamente.
Recordistas de permanência no DM
Um dos fatores que mais encurtam a carreira de um jogador de futebol são as lesões. A depender da gravidade, muitos optam por encerrar precocemente a trajetória no esporte. O alto nível de exigência do futebol brasileiro impõe um desgaste constante ao corpo e, quando ele deixa de responder, a alternativa muitas vezes é pendurar as chuteiras. Há, porém, quem persevere e busque a redenção após longos períodos afastado dos gramados, ainda que nem sempre no clube onde passou pelo tratamento.
No Corinthians, o jovem Ruan Oliveira é um exemplo extremo. Entre 2020 e 2024, o meia enfrentou uma sequência de lesões no joelho que o manteve afastado por quase 1.400 dias. Nesse intervalo, entrou em campo apenas 32 vezes com a camisa do Timão. Ele lidera a lista de jogadores com maior tempo acumulado de tratamento no departamento médico. Pelo Cuiabá, voltou a ter oportunidades de entrar em campo neste ano. Confira:
Quem mais parou no DM
O volante Maicon, ex-Grêmio, é o jogador que mais vezes passou pelo departamento médico nos últimos 10 anos do futebol brasileiro: 26. Em 2016, por exemplo, ele teve sete entradas no DM. Ao longo do período analisado, a maioria dos seus problemas físicos esteve concentrada na coxa, com 11 ocorrências, e na panturrilha, com outras seis.
O atacante Marinho é um caso singular no levantamento. Apesar de praticamente não ter sofrido lesões graves, ele é o segundo atleta com mais registros de contusões de 2016 a 2025. Seu maior período afastado ocorreu entre janeiro e março de 2020, quando fraturou o pé esquerdo e perdeu 11 partidas do Santos naquela temporada.
Ao todo, o hoje jogador do Fortaleza acumulou 25 passagens pelo departamento médico. Foram nove pelo próprio Fortaleza, oito pelo Santos, quatro pelo Vitória, três pelo Grêmio e uma pelo Flamengo.
O terceiro jogador com mais registros de frequência no levantamento é o atacante Pablo, hoje no Sport. Ele parou 24 vezes para tratar algum problema físico em 10 anos. O caso mais grave foi uma cirurgia para retirar um cisto artrossinovial na região lombar da coluna em 2019 pelo São Paulo. Ele ficou 73 dias fora de combate. Ao lado dele, o lateral Mayke também foi para o estaleiro 24 vezes no período.
Com uma lesão a menos, o zagueiro Rodrigo Caio também enfrentou uma série de problemas físicos na carreira e teve 23 contusões entre 2016 e 2024. A maioria na coxa (9) e no joelho (8). Ao todo, ficou fora de combate por 777 dias.
Mapa das lesões
Em 10 anos de levantamento de lesões, a coxa foi o músculo que mais afastou atletas da elite do futebol ao longo da temporada. Especialistas em medicina esportiva explicam que o alto índice está diretamente ligado à exigência desse grupamento muscular no jogo: a coxa é constantemente sobrecarregada em ações de alta intensidade, como arrancadas em velocidade, mudanças bruscas de direção e finalizações.
Ao todo, foram 3.585 problemas musculares na coxa entre 2016 e 2025. As contusões no joelho aparecem em segundo lugar: 1.290 casos. Lesões no tornozelo (875) e panturrilha (498) também foram destaques no período. Veja o infográfico detalhado abaixo:
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