O governador do Rio de Janeiro, Cláudio Castro (PL), afirmou que o governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) “não vê segurança pública como prioridade”. Em entrevista exclusiva ao Metrópoles, Castro reafirmou a crítica que fez mais cedo em relação à falta de apoio do governo federal nas operações em locais de risco.
“É uma crítica recorrente que eu faço: entendo que essa gestão não vê segurança pública como prioridade. É uma crítica que eu faço recorrentemente e eu mantenho”, declarou. Segundo o governador, um dos pontos mais preocupantes é relacionado às fronteiras, por onde passam os fuzis.
Castro disse, na entrevista, que “não adianta o ministro ficar chateado porque [a segurança] não é prioridade deles, sobretudo a questão de fronteiras”. “Ano passado, o Rio apreendeu 732 fuzis – e o Rio de Janeiro não produz armas. Essas armas estão entrando pelas fronteiras federais. Não há, pelo que a gente tem visto, ações. Elogiei a PF por ter estourado fábrica de fuzis em SP. Mas, mais uma vez: esses fuzis entram pelas estradas federais”, declarou.
Nesta terça-feira (28), o Rio de Janeiro registrou a ação policial mais letal da história, com 64 mortos. Castro lamentou a morte de quatro policiais e disse que eles são as “grandes vítimas dessa operação”.
Segundo o governador, foram presos 81 criminosos na operação que foi planejada por 60 dias. “O Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro acompanhou todo o planejamento, todas as regras da ADPF foram cumpridas”, afirmou, em relação à ADPF das Favelas, que tramitou no Supremo Tribunal Federal (STF) e trata das operações policiais em comunidades.
Solicitação de blindados
O Governo do Estado do Rio de Janeiro pediu ao Ministério da Defesa, em janeiro de 2025, o envio de blindados para uso em operações policiais em áreas de risco.
“A resposta que nós tivemos é: como o blindado precisa de operador por ser servidor federal, tem necessidade de GLO [Garantia da Lei e da Ordem], mas o presidente da República, em várias ocasiões, disse que é contra e não daria GLO alguma. Se o presidente não vai dar GLO e é fundamental ter GLO, nós sabemos que não adianta ficar pedindo, porque nós não teremos ajuda dos blindados federais para isso. Não adianta ficar pedindo para ter não”, afirmou, na entrevista.
Em ofício obtido pelo Metrópoles, assinado no dia 29 de janeiro, o governador do Rio solicita ao ministro da Defesa, José Mucio, apoio logístico da Marinha do Brasil, com fornecimento de veículos blindados e respectivos operadores e mecânicos para atuarem nas intervenções policiais em áreas de risco.
À época, o secretário de Polícia Civil do Rio, Felipe Curi, informou que “as forças de segurança do estado do Rio de Janeiro estarão prontas para iniciarem as suas atividades em dia, local e horário a serem previamente definidos”.
Em nota, o Ministério da Defesa disse que o referido pedido do governo do Rio foi submetido à análise da Advocacia-Geral da União (AGU), segundo a qual a solicitação do governo do RJ somente poderia ser atendida no contexto de uma operação de Garantia da Lei e da Ordem (GLO), o que demandaria decreto presidencial.