De ex-assessor de Bolsonaro a dono do Instituto Voto Legal: quem são os nomes que tiveram prisão decretada por Moraes

Um dos dez alvos da operação da PF é considerado foragido

Por O Globo 28 de Dezembro de 2025 às 09:26
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De ex-assessor de Bolsonaro a dono do Instituto Voto Legal: quem são os nomes que tiveram prisão decretada por Moraes
A decisão do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes, de enviar para prisão domiciliar dez condenados pela trama golpista, neste sábado (27), incluiu militares, uma ex-diretora do Ministério da Justiça e um ex-assessor de Jair Bolsonaro. Moraes argumentou haver "fundado receio de fuga" desses alvos, um dia depois de o ex-diretor da Polícia Rodoviária Federal, Silvinei Vasques, ter sido localizado no Paraguai.

Um dos dez alvos da operação já é considerado foragido pela Polícia Federal (PF), que não conseguiu localizá-lo neste sábado. Os presos pertencem a diferentes grupos de réus da trama golpista: ao núcleo dois, cujo julgamento foi encerrado em dezembro de 2025; ao núcleo três, julgado em novembro; e ao núcleo quatro, condenado pelo STF em outubro deste ano.

Veja a seguir a lista completa, com a indicação do respectivo núcleo:

Filipe Martins [Núcleo dois]

Ex-assessor da Presidência, foi condenado a 21 anos de prisão. Apontado na investigação como o responsável por apresentar a Bolsonaro a chamada "minuta golpista", que depois foi discutida com chefes das Forças Armadas.

Giancarlo Gomes Rodrigues [Núcleo quatro]

Subtenente do Exército e condenado a 14 anos de prisão, foi acusado de ter atuado na chamada "Abin paralela", sob coordenação do ex-deputado Alexandre Ramagem, para espionar adversários ilegalmente.

Marilia Ferreira de Alencar [Núcleo dois]

 Ex-diretora de Inteligência do Ministério da Justiça, foi condenada pelo STF a oito anos de prisão por ter atuado, junto ao ex-diretor da PRF Silvinei Vasques, na operação de bloqueios em estradas no dia da eleição.

Angelo Martins Denicoli [Núcleo quatro]

Major do Exército, foi acusado pela Procuradoria-Geral da República de atuar junto a Ramagem na produção de conteúdo falacioso sobre as urnas eletrônicas. Foi condenado a 17 anos de prisão.

Fabricio Moreira de Bastos [Núcleo três]

Coronel do Exército e integrante das Forças Especiais, os chamados "kids pretos". Foi condenado a 16 anos de prisão, acusado de elaborar uma carta para pressionar o comando do Exército a aderir ao golpe.

Sergio Ricardo Cavaliere [Núcleo três]

Tenente-coronel do Exército, foi condenado a 16 anos de prisão. Também foi acusado pela PGR de elaborar e ajudar a divulgar a carta golpista dirigida à cúpula do Exército.

Bernardo Romão Correa Netto [Núcleo três]

Coronel do Exército, foi acusado de organizar reunião com os "kids pretos", em novembro de 2022, para discutir a tentativa de golpe, além de ter enviado a Mauro Cid a carta golpista. Condenado a 17 anos de prisão.

Ailton Gonçalves Moraes Barros [Núcleo quatro]

Ex-major expulso do Exército, foi condenado a 13 anos de prisão. Além de ter coordenado ataques a generais que não aderiam ao golpe, também é acusado de atuar na falsificação do cartão de vacina de Bolsonaro.

Guilherme Marques Almeida [Núcleo quatro]

Tenente-coronel do Exército, atuou na disseminação de notícias falsas sobre as urnas eletrônicas e mantinha interlocução com Mauro Cid sobre o assunto. Foi condenado a 13 anos de prisão. Estava fora do estado informado às autoridades no momento da operação; posteriormente, entrou em contato com a PF para informar que retonaria à sua residência para cumprir prisão domiciliar.

Carlos Cesar Moretzsohn Rocha [Núcleo quatro]

Presidente do Instituto Voto Legal, organização que foi contratada pelo PL, partido de Bolsonaro, para divulgar relatório que tentava desacreditar as urnas eletrônicas. Condenado a sete anos de prisão. Não foi localizado pela PF neste sábado e passou a ser considerado foragido.

O que dizem as defesas

O advogado Ruyter de Miranda Barcelos, que defende o coronel Bernardo Romão Corrêa Netto, afirmou que seu cliente “cumpriu até o dia de hoje todas as medidas cautelares impostas” pelo ministro Alexandre de Moraes e que “não será diferente desta vez”. Barcelos, porém, avaliou a prisão como "desnecessária" e disse que "o fato de terceiros descumprirem ordem judicial não poderia penalizar" seu cliente.

A defesa de Ângelo Denicoli informou que ele "cumprirá integralmente a determinação proferida pelo Supremo Tribunal Federal, observando todas as condições e medidas estabelecidas". Já a defesa de Filipe Martins classificou a decisão de Moraes como abuso de autoridade, e criticou também o fato de a prisão ter sido decretada com base na “atitude de terceiros”:

"Filipe vem cumprindo de forma exemplar as medidas cautelares injustas e abusivas já impostas contra ele. Trata-se de mais um abuso, mais uma cautelar sem fundamento, como todas as outras, após uma condenação construída em cima da ignorância absoluta às provas e ao devido processo legal substancial", diz a nota da defesa.

A defesa de Carlos César Moretzsohn Rocha, que é considerado foragido, disse que aguardava a publicação da decisão que determinou a prisão domiciliar para eventual recurso.

“A sua defesa técnica foi informada pela Polícia Federal de que havia mandado de prisão domiciliar e outras medidas ainda pela manhã. Ao tentar contato com Carlos Rocha, ele nos telefonou, informou que havia mudado de endereço, não declinou o novo e encerrou a chamada”, afirma a defesa, em nota.

As defesas de Giancarlo Gomes Rodrigues, subtenente do Exército, e Marília Ferreira de Alencar, ex-diretora de Inteligência do Ministério da Justiça, disseram que não irão se manifestar.