Filipe Luís prevê jogo duro contra Cruz Azul e comenta negociação de renovação com o Fla

Técnico elogia primeiro adversário no Intercontinental: "Pensamos o futebol da mesma forma"

Por Bruno Côrtes e Luana Montone , Globo Esporte 09 de Dezembro de 2025 às 12:16
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 Filipe Luís prevê jogo duro contra Cruz Azul e comenta negociação de renovação com o Fla
Filipe Luís começa na próxima quarta-feira a busca pelo seu sexto título como técnico do Flamengo. Depois de conquistar Copa do Brasil, Supercopa, Carioca, Libertadores e Brasileirão, o comandante disputa a Copa Intercontinental, no Catar. A estreia é contra o Cruz Azul (México), equipe que foi bastante elogiada pelo treinador rubro-negro em entrevista coletiva nesta terça, no Estádio Ahmad bin Ali, palco da partida.

— O Cruz Azul é um time muito competitivo e muito bem treinado. A liga mexicana é muito competitiva, disputada, com um poder financeiro muito grande. É uma equipe com bons jogadores, com muita qualidade, fisicamente muito forte. Defendem de uma forma muito agressiva, pressionam muito e tentam sempre ser protagonistas do jogo. Um time que tenta roubar a bola e atacar o máximo possível. Pensamos o futebol da mesma forma, tentamos sempre pressionar e controlar o jogo, então vai ser uma partida muito disputada — analisou o técnico na véspera do jogo.

— É um time com as ideias claras, que pressiona muito, tem força física nos duelos individuais, perseguições e que quer ser protagonista do jogo. Quer propor e é muito difícil tirar a posse deles, porque é uma equipe que costuma dominar os adversários quase sempre. É similar um pouco à forma de defender do Bragantino do Mancini e do Atlético-MG do Cuca. Para jogar, várias equipes jogam com essa estrutura, mas a individualidade dos jogadores faz com que seja uma equipe única, porque tem meio-campistas com muita qualidade e mobilidade, que se oferecem a todo momento para poder jogar, o que faz ser um time muito difícil de ser pressionado — completou Filipe.

O treinador também comentou a negociação pela renovação do contrato com o Flamengo. Durante a festa de encerramento do Campeonato Brasileiro, na noite de segunda-feira, no Rio, o presidente Bap demonstrou confiança na permanência de Filipe Luís, que prefere deixar o assunto de lado enquanto está focado na disputa do Intercontinental.

— A virada de chave é rápida a partir do momento em que se começa a estudar o adversário, porque sabemos todos da cobrança e a exigência que existem no Flamengo, interna e externamente. A importância dessa competição para o futebol sul-americano nos dá também a possibilidade de continuar fazendo história, por isso queremos chegar o mais longe possível. Também nos dá muita confiança de ter conseguido os melhores números do campeonato mais difícil do mundo, que é o Brasileiro, com tantos jogos e dificuldades no ano, e minha equipe fez um campeonato maravilhoso, que me deixa muito orgulhoso. Sobre a renovação, para mim a prioridade é o jogo que vem pela frente, é o que estamos disputando. Tudo que é pessoal fica secundário.

Outras declarações de Filipe Luís

Jogador do Cruz Azul que pode ser mais perigoso

— Claro que eu analiso a parte individual, mas tento analisar muito mais estruturas. Para mim, o diferencial do Cruz Azul está no meio-campo. São meias com muita qualidade e mobilidade, que se oferecem a todo momento para poder jogar. Faravelli é um jogador determinante.

Logística

— A logística foi muito bem preparada. Tivemos a oportunidade de viajar um dia antes do que deveríamos ter viajado, porque antecipamos o título brasileiro. Conseguimos nos adaptar, treinar e descansar aqui com um fuso horário muito diferente do Brasil. Acredito que o time chega em perfeitas condições físicas para disputar esse jogo. Os jogadores não me demonstram nenhum cansaço físico e, mentalmente, mais leves do que nunca depois de terem conquistado os dois títulos mais importantes do futebol sul-americano.

Como manter a mentalidade vencedora depois de chegar no auge? É natural o ser humano dar uma relaxada...

— O ser humano pode relaxar depois de alcançar um objetivo. É um grupo feito de multicampeões, e a única coisa que sinto é que eles querem mais. Essa era minha principal preocupação, mas o que vejo é muita ambição nos treinos, muita fome e seriedade. Não só espero que seja assim no Mundial, como espero que seja assim no ano que vem, porque, no final das contas, jogadores multicampeões continuam conquistando porque não perdem a fome de títulos. Por isso são jogadores tão grandes e com tanta história no futebol, não se acomodam depois de conquistar um título.

Nicolás Larcamón, técnico do Cruz Azul

— Quando vejo o Cruz Azul jogar, vejo muito clara a ideia do treinador. Isso demonstra que é uma equipe muito bem trabalhada, com identidade, que tem clara a fase defensiva e como pressionar. Um time que persegue muito, tem muita força, compraram muito bem a ideia do treinador, de como pressionar quem está com a bola. Com a bola, também tem muito clara a ideia de jogo, como se oferecem, a mobilidade que têm os meio-campistas. Tenho alguns amigos em comum (com Larcamón), no futebol todos se conhecem, e me falaram muito bem dele, é um treinador importante na liga mexicana, por isso seu time é tão sólido e chegou onde chegou.

DNA do Atlético de Madrid com Saúl e Lino...

— Pegamos o DNA do Atlético, porque ficamos muito tempo lá, sobretudo Saúl e eu. Já disse muitas vezes da importância do Simeone na minha vida, um dos motivos por eu estar sentado aqui hoje é porque ele me inspirou, eu o admiro muito. Mas o Flamengo é um clube diferente, com uma história diferente e conseguimos, neste ano, grandes conquistas e fazer história nesse clube. É muito difícil conquistar na América do Sul e estamos muito orgulhosos.

Recepção no Catar e expectativa pela estreia, sendo que o Botafogo saiu na primeira fase no ano passado

— Nossa recepção aqui foi muito boa. Sempre fui muito bem recebido nos países árabes. As instalações e o campo são maravilhosos, o hotel muito bom, então estamos bem servidos. Ano passado quem jogou contra o Pachuca foi o Botafogo, mas são momentos e circunstâncias diferentes, equipes diferentes. O Cruz Azul é muito diferente do que era o Pachuca ano passado, portanto vai ser uma disputa intensa, porque as duas equipes têm qualidade para dominar. Chegamos muito bem, tanto fisica quanto mentalmente, e vamos desfrutar o máximo desse torneio, que é um sonho para todo mundo.

O fato de poder ser eliminado em um único jogo influencia?

— Foi para a gente assim o ano inteiro. Aliás, os dois times que passamos na Libertadores (Estudiantes e Racing) são os finalistas do Campeonato Argentino. Foi muito difícil conseguir o que conseguimos. Dentro do Brasileiro foram muitos mata-matas, com jogos que se perdêssemos o adversário poderia disparar, ou tendo que ganhar para ficar na ponta. Nosso time está acostumado a disputar jogos decisivos desde o Carioca, em que teve oito clássicos. Os jogadores convivem bem com esse tipo de pressão e, nesses jogos, os jogadores grandes aparecem.

Pedro pode jogar se o Flamengo for até à final?

— Tem, por isso que ele está aqui, porque acreditamos que ele vai se recuperar. É o nosso atacante, precisamos dele, e tomara que possamos tê-lo no campo novamente.

Conseguiu tirar tudo do seu elenco?

— Fomos os primeiros em tudo, melhor ataque, melhor defesa, posse, pressão... Taticamente funcionou. Tenho muito orgulho dos meus jogadores, para mim são os melhores e me demonstram a cada dia, pela ambição de continuar conquistando, pela seriedade que tratam cada detalhe do treino. Mas sempre dá para continuar evoluindo, em cada jogo se comete erros e são detalhes novos do plano tático que eles vão assimilando para tentar sempre causar dificuldade para os adversários.

Pedido do Flamengo pela padronização dos gramados

— Temos que começar pelo básico. Por que tocar o hino nacional antes de cada jogo do Brasileiro? Ninguém respeita, ninguém canta, os torcedores dão risada, cantam outra música por cima. Que campeonato no mundo tem seis clubes que vão jogar em campo sintético? Isso tira valor do nosso produto, faz com que menos espectadores no mundo queiram assistir ao nosso campeonato, e também pela saúde dos nossos jogadores, o mundo ideal é jogar em gramado natural e em perfeitas condições. Na final da Libertadores, em Lima, um lugar que quase não chove, talvez tenha sido o melhor gramado que a gente tenha jogado nesse ano. Se é possível fazer isso, também é possível fazer no Brasil. Precisamos de investimento, de padronização, de cobrança.

Percepção sobre o estádio que receberá os três jogos

— Não tenho dúvidas que vai estar em perfeitas condições. Vi as fotos, é um estádio lindo. Melhor que sejam todos os jogos aqui, porque estaremos mais habituados.

Maratona de jogos do Flamengo pode pesar?

— Foi um ano longo para todos os clubes. O Flamengo teve 75 jogos porque chegou nas finais, jogou o Mundial, isso é um orgulho para nós. No futebol são momentos. Às vezes o time está cansado no começo do ano e menos cansado no final. A parte mental é importante, talvez um mês e meio atrás nossa equipe tenha oscilado e se viu um pouco mais cansada, por causa da pressão daquele momento. O momento agora é muito bom. A gente descansou a maioria dos jogadores uma semana e, por mais que tenha sido um ano longo, eles querem conquistar. Conseguimos revezar bastante o elenco esse ano para diminuir as lesões e ter todo mundo disponível. Chegamos nesse Mundial no nosso melhor momento.

O Flamengo é favorito? O que representa comandar o time nesse torneio?

— Estar sentado nessa cadeira é um cargo de muita exigência, como foi durante toda a temporada, e para mim é um orgulho. É o que sempre sonhei, trabalhei muito para conquistar. Liderei esses jogadores no Mundial de Clubes, conseguiram passar uma imagem excelente, e esperamos fazer a mesma coisa no jogo de amanhã. Não tem favorito, é o melhor da América do Sul contra o campeão da CONCACAF. Os dois melhores vão lutar para ganhar.

Preparação para o jogo com quatro sessões de treinos

— Eu gosto do campo, gosto de estar com gente jovem, de estar com os jogadores, me sinto parte e é mais fácil de transmitir também o que eu sinto se estou do lado deles. Tento sempre estar com a melhor energia para fazer o que amo, estar no gramado com a bola é minha grande paixão. Teve a viagem no meio, isso quebra o treino, mas sempre que temos tempo conseguimos recuperar comportamentos que vinham se perdendo.