The Economist afirma que Lula não deveria disputar reeleição por ser 'tão idoso'

Veículo internacional defende que o Brasil 'merece escolhas melhores', apesar de o país ter demonstrado a resiliência das instituições democráticas em 2025

Por Luis Felipe Azevedo, O Globo 31 de Dezembro de 2025 às 13:41
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 The Economist afirma que Lula não deveria disputar reeleição por ser 'tão idoso'
A revista britânica The Economist publicou um editorial nesta terça-feira (31) no qual afirma que o presidente brasileiro Luiz Inácio Lula da Silva (PT) não deve concorrer à reeleição no ano que vem. O veículo internacional defende que o Brasil “merece escolhas melhores”, apesar de o país ter demonstrado a resiliência das instituições democráticas em 2025.

O principal argumento apontado pela revista como motivo pelo qual Lula deveria desistir de ser candidato é a idade. O petista, que completou 80 anos em outubro, já anunciou que irá disputar o pleito em 2026.

“Apesar de todo o seu talento político, é simplesmente arriscado demais para o Brasil ter alguém tão idoso no poder por mais quatro anos. Carisma não é escudo contra o declínio cognitivo”, diz a publicação.

A revista compara o brasileiro ao ex-presidente americano Joe Biden, que desistiu da disputa pela Casa Branca meses antes da eleição.

"O presidente faria um favor ao seu país e consolidaria seu legado — algo que Biden não fez — anunciando que cumprirá sua promessa e se afastará da disputa", completa.

O editorial condena as políticas econômicas petistas, mas destaca que Lula "não tem adversários sérios no centro ou na esquerda" que poderiam substituí-lo na corrida pelo Planalto.

"Embora a economia brasileira tenha crescido surpreendentemente rápido nos últimos anos, as políticas econômicas de Lula são medíocres. Elas se concentram principalmente em auxílios aos pobres, com medidas de arrecadação de receita cada vez menos favoráveis às empresas, embora ele também tenha agradado os empregadores com uma reforma tributária simplificada."


Críticas ao bolsonarismo

A revista também criticou a escolha do ex-presidente Jair Bolsonaro de apoiar o senador Flávio Bolsonaro como pré-candidato do PL à Presidência da República.

"Flávio é impopular, ineficaz e quase certamente perderia uma disputa contra Lula. Outros possíveis candidatos estão sendo cogitados, incluindo alguns governadores competentes. O mais proeminente deles é Tarcísio de Freitas, o governador conservador de São Paulo", afirma a The Economist.

Segundo o editorial, Tarcísio "deveria ter a coragem de se lançar na disputa". "Ao contrário dos Bolsonaros, ele é ponderado e democrata", diz o texto.

"Infelizmente, parece improvável que Lula desista. Talvez, então, os partidos de direita consigam se unir? Se forem sábios, abandonarão Flávio e se unirão em torno de um candidato capaz de superar a polarização dos anos Lula-Bolsonaro", enfatiza o veículo.

A The Economist defende o apoio a "uma figura de centro-direita que reduza a burocracia, mas não as florestas tropicais, que seja rigorosa com o crime, mas não desrespeite as liberdades civis, e que respeite o Estado de Direito, poderia vencer e governar bem".

"O Brasil tem tudo em jogo em 2026 — e o resultado é preocupantemente incerto", conclui a revista.